Lábia, Falácia e Enganação

Como se diz por aí, estamos na estação de caça ao pato. Vereadores e Prefeitos, que antes cortavam caminho e faziam mágicas para desaparecer da tua frente, agora vão ser apresentar como os melhores amigos para sempre.

E ainda vão dizer:

  • “Mas rapai, tu sumiu. Pensei que tava no Sul. Homi, faça isso não. Eu tinha uns troço pra te dar…”

E está feita a enrolação. Com uma lábia dessa, baixa até avião inimigo, tá russo. Tá ligado?

Mas não pense que isso é tudo. Você ainda não viu nada. Com ajuda de inteligência artificial e fake news, os candidatos vão deitar e rolar pra cima do povo. Os discursos mais lindos do Universo e as imagens mais espetaculares. Você vai se encantar. 

Vão prometer estradas e mostrar o resultado final antes de começar, com os carros já trafegando, e com tu dentro – a caminho do hospital.

Vão prometer uma escola novinha, em tempo integral, com merenda geral, com um salário para cada aluno, tu vai sentir o dinheiro na mão – mas não vai ver nem a cor.

Num brinque não se aparecer candidato com carro zero pra tu, elétrico, automático, documentado, nas cores do teu time, com um robô de motorista. Acorda, eleitor, solta essa corda que te prende.

Estive vendo que os candidatos passaram os últimos quatro anos estudando e aprendendo como ludibriar, engalobar, enrolar, dar uma rasteira no eleitor. Eles sabem que o eleitor tem a arma celular para se informar, mas eles desenvolveram novos modelos de caça ao voto. São bestas, não. Estão super na frente.

Tem Governador fazendo obra adoidado. Tem Prefeito calçando ruas pra todo lado. Tem Vereador gastando sola de sapato sem parar. Pergunto a você: POR QUE SOMENTE AGORA? Resposta: Essas obras são para adoçar a vitamina de espinhos que vão empurrar no povo.

E como sabemos, a culpa é do povo, que não se liga, não tem responsabilidade, não vive a política como deveria. Se tudo que acontece numa República Democrática sai da política, é lógico que o povo deveria estar muito mais interessado nas coisas que DEFINEM suas vidas e negócios.

Se o povo se preocupasse mais com a política do que com o futebol, se o povo se preocupasse mais com a política do que com o seu time, se o povo se preocupasse mais com a política do que com a praia, se o povo se preocupasse mais com a política do que com a balada, se o povo se preocupasse mais com a política do que com o shopping… … talvez, talvez, estivéssemos no ponto de obter o respeito devido dos políticos e aptos a PREPARAR E ESCOLHER os nossos representantes.

Como você não se preparou, como o povo não se mobilizou para apresentar Seu Melhor candidato, Alguém saído da competência, Alguém realmente confiável, Alguém totalmente engajado na solução dos problemas, então, vai ter que votar nesses políticos de carreira, políticos vitalícios, políticos corruptos. O que fazer, então?

Exigir um Plano de Governo dentro da realidade. Mas isso é assunto, para outra matéria. Aguarde.

G. G. Carsan®

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Lado A x Lado B da Rodovia

Lado A x Lado B da Rodovia – Um Pouco de Inteligência Não Dói

Há certo tempo (uma década), fiquei preso, por duas horas, sob o Sol do meio-dia, na rodovia BR-230, após um tombamento de caminhão. 

No sentido inverso da Rodovia, trânsito normal, poucos veículos.

E cabeça é para se pensar, quando há tempo e necessidade.

Hoje, relembrei do fato, ao ver reportagem no JH. À epoca, escrevi uma matéria. Que não adiantou de nada. Pois o problema continua. A matéria foi Assim:

A PRF e as Concessionárias podem,  devem, adotar um sistema SOS para socorrer o trânsito parado, represado. E ele existe.

“Que coloquem blocos (parede) de concreto, que dividem a pista, removíveis, de tantos em tantos km, para que, no caso do acidente dessa magnitude, os veículos possam passar para a pista contrária, e em mão dupla, o trânsito voltar a fluir”.

Ou seja, desviar o fluxo para a pista contrária, formar mão dupla, para evitar horas e horas de exposição ao Sol, prejuízos, e tals. Os órgãos devem, sempre, trabalhar e facilitar a vida dos cidadãos.

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RETROSPECTIVA 2023

Incrível, mas tudo continua como antes no quartel de Abrantes. O Mundo gira, pessoas nascem, pessoas crescem, pessoas vivem, pessoas morrem, mas, nada se altera para o lado certo, diferenciado, protetivo, preservativo, seguro, elevado, natural. Tudo segue a trilhão, para o lado errado, equivocado, incerto, perigoso, nocivo, destrutivo, apocalíptico.

2023 teve a continuidade da Guerra da Ucrânia. Um país destruído pela loucura de poder de um sujeito amalucado chamado Putin. Olha que eu pensava diferente dele até o tempo da pandemia. Mas sendo russo, é preciso ter, sempre, um pé atrás.

2023 contou com a loucura coletiva do Hamás e de Israel, cada um provando que é mais insano, cruel e terrorista do que o outro. Milhares de mortos e um Estado destruído por mísseis implacáveis. Milhões de pessoas desalojadas, retirantes, miserabilizadas. Uma conta que não fechará nunca mais. Vidas só importam nos EUA?

Maduro não caiu. Ao contrário, quer abocanhar Essequibo. De verdade, é território venezuelano, tomado durante acordos anteriores. E agora? quem tem direitos? Se a Venezuela fosse um país do cordão americano, estaria coberta de razão. Duvidam?

O Brasil continua dividido, politicamente. O Governo patina. O povo sofre. As oposições caçoam. Um ano ruim na Economia, embora se tenha alguns alentos, de vez em quando. O PIB cresceu? 0.1% representa alguma coisa?

O Ano em que ocorreu uma Invasão de populares à Praça dos Três Poderes e destruição parcial do Congresso Nacional, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto, para contestar, para denunciar, para se mostrar indignada e contrariada com a subida, em retorno, de Lula, ao Poder Central, apoiado por decisões monocráticas de um Ministro, além de contestar o resultado das eleições de outubro do ano passado, quando Jair Bolsonaro perdeu sua reeleição.

O ano do Feminicídio, que se alastrou no Brasil, porque os cornos não aceitam perder as mulheres que não souberam cultivar e as assassinam com requintes de crueldade. Alguns matam os filhos, também. E existem os que se matam, após fazer toda a merda.

Para mim, profissionalmente, foi um ano chinfrim, terrível nos negócios. Que negócios? O primeiro Semestre foi movimentado, sem vendas. O segundo Semestre foi omisso, os clientes sumiram. As vendas despencaram. Os negócios que surgiram não deram resultado positivo. Foi necessário recorrer à poupança para pagar os compromissos assumidos anteriomente e as contas do cotidiano.

No campo pessoal, perdemos a minha Sogra, Tokuko Ichikawa, em fevereiro. Em outubro, minha esposa Linda se submeteu a uma cirurgia para retirada de um tumor no intestino (ainda em fase inicial, detectado por uma colonoscopia de rotina). Já se recuperou, passados quase 90 dias.

No tocante à Saúde, estive bem. Apenas alguns exames de rotina e a extração de um dente, quebrado.

Estive participando de dois eventos do Tex, personagem de quadrinhos em sou colecionador, tenho livros escritos sobre sua trajetória no Brasil e grupos de mídias sociais. Fui à cidade de Chopinzinho, no Paraná, para o evento 10 Anos do Clube TexBrasil, ocorrido na Vila Texas, uma cidade cenográfica do Velho Oeste, durante os dias 23 e 24 de Junho. E estive em Porto Alegre, de 28/Set a 04/Out, para participar do evento Uma Tarde Bonelli, comemorando 75 Anos de Tex, nas dependências da Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul, onde fui palestrante em quatro oportunidades.

Escrevi três livros, estão praticamente prontos, mas não consegui publicar nenhum, como tem sido o meu projeto e promessa e desejo. Em verdade, estou pensando em mudar para outro modelo e deixar em segunda mão ou plano, a publicação na Amazon, que adotei desde 2016. Mas não passei o ano em branco, pois coloquei em pré-venda dois livros já publicados da trilogia Tex no Brasil.

Participei, sem sucesso, do Edital Paulo Gustavo, de Cultura, com um Projeto de executar a 10ª. Expo. Tex de Jampa, uma mega exposição, que não colou devido à grande concorrência. E isso se deu, porque a Lei Paulo Gustavo deu prioridade aos projetos de cinema, em mais de 75% de seus recursos, deixando somente a opção Exposições e Eventos, para o restante da grande maioria de artistas nacionais, sem abraçar músicos, artesãos, escritores, exceto aqueles que estão à serviço do cinema.

Termino o ano em movimento para exercer uma nova atividade em 2024, iniciando à porta dos 59 anos, que requer muitos cuidados, muita exposição, mas, novas visões, experiências, oportunidades, que poderão ser aproveitadas nas diversas atividades que já exerço. Vida que segue.

Continuei produzindo matérias contra os absurdos da corrupção, da extrema falta de zelo dos governantes com as leis e com a população, dos desvios recorrentes, das falcatruas à luz do Sol, do controle e expansão do Crime Organizado pelo País, etc. São tantos problemas que somente uma coleção de livros para cobrir tudo.

A Natureza continua em êxtase, mandando as faturas para pagarmos. Nesse ano de El Nino, chuvas torrencias, nevascas monstruosas, incêndios caudalosos, cheias desastrosas, erupções escandalosas, tremores mortíferos, crimes ambientais em toda parte. O último de renome está sendo o afundamento da cidade de Maceió, capital do Estado de Alagoas, que foi praticamente camuflado durante 5 anos e, agora, vem à tona. Bairros abandonados, casas caindo, parte da cidade afundando. Bilhões de prejuízos e muito jogo de empurra, pois o empresariado da Cidade teme a debandada do povo e dos investidores. Mas isso está acontecendo. E o Governo faz de conta que não está acontecendo nada.

Calor, muito calor. Algumas capitais do País bateram seus recordes de alta temperatura, com sensação térmica de 60 graus. Uma loucura impensada para a maioria dos mortais. Estamos enfrentando o calor de 30 graus, à noite, na orla marítima do Nordeste. Uma loucura secular.

Feitas essas citações, vamos partir para o abraço final e esperar o que nos reserva o próximo ano, praticamente perdido, pois será ano eleitoral, em que, de Abril em diante, governantes nada podem apresentar, pois será tido como obra eleitoral. E é disso que eles gostam, para ficar um ano só laçando eleitores e tentando a reeleição.

Até a próxima.

G. G. Carsan ®

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Futebol – O Ruído dos Estádios Suga e Apavora

Na ruidosa sinfonia dos estádios, onde multidões se entregam à paixão do futebol, é inevitável questionar a utilidade dessa loucura coletiva que se repete duas a três vezes por semana. O ritual de vestir as cores do time, entoar cânticos apaixonados e celebrar gol após gol pode oferecer um alívio momentâneo, mas, ao analisarmos friamente, paira a dúvida: o que realmente ganhamos com essa devoção?

Enquanto o torcedor se entrega de corpo e alma, os bastidores do futebol revelam uma realidade mais crua. Negociatas obscuras, devedores do tesouro e uma distância abissal entre os anseios da massa e os interesses da direção do clube tornam-se evidentes. O dinheiro do trabalhador, suado e muitas vezes escasso, escorre pelos ralos dos estádios em uma dança desigual.

A pergunta se impõe: e se toda essa paixão fosse redirecionada para áreas mais cruciais da vida? Imagine o impacto positivo se essa energia coletiva fosse canalizada para os estudos, para o aprimoramento profissional, para o fortalecimento da economia local. O torcedor, que hoje vive em função de um clube muitas vezes indiferente aos seus anseios, poderia se tornar um agente ativo de mudanças sociais e econômicas.

Ao invés de despejar fortunas em ingressos e merchandise, e de se perder em discussões fúteis sobre o desempenho do time, a massa poderia investir em literatura, em formação intelectual e, quiçá, em uma poupança sólida. O impacto desse redirecionamento de recursos seria imensurável, não apenas para os indivíduos, mas para a sociedade como um todo.

Nas transmissões, as narrativas do futebol desenham feitos dignos de contos fantásticos. As vozes dos comentaristas transformam jogadores em heróis, jogadas em epopeias e partidas em batalhas épicas. As propagandas, por sua vez, pintam o esporte como uma atividade reservada aos Deuses, recheada de glória e grandiosidade.

No entanto, ao adentrarmos os estádios e as ruas, a realidade distorce essa imagem celestial. Brigas eruptivas, pontapés impensados, deslealdades em campo e acusações de roubos pairam sobre o espetáculo. Nas arquibancadas, o fervor da paixão se transforma em intolerância, manifestando-se em confrontos brutais entre torcidas rivais. Às vezes, esse tumulto culmina em tragédias, onde a alegria do esporte se converte em luto.

É como se o futebol, apesar de sua aura de grandeza, carregasse consigo uma dualidade inquietante. Entre as narrativas épicas propagadas nas telas e as sombras que se manifestam nos conflitos reais, surge a pergunta: vale a pena idealizar um esporte que, muitas vezes, revela seu lado mais sombrio? A paixão pelo futebol, então, torna-se uma encruzilhada entre o épico e o trágico, onde a linha tênue entre o divino e o humano se desenha a cada partida.

E que tal resgatar o futebol para o seu devido lugar, reservando-o apenas para os finais de semana? Essa mudança não só aliviaria a pressão sobre os torcedores, permitindo-lhes focar em aspectos mais relevantes da vida, mas também redefiniria a relação entre o esporte e a sociedade. O futebol, então, seria uma celebração, um lazer merecido ao final de uma semana dedicada ao progresso pessoal e coletivo

Em meio a essa reflexão, fica claro que a loucura coletiva nos estádios poderia ser canalizada de maneira mais produtiva, gerando benefícios duradouros para os indivíduos e para a sociedade. Resta aos torcedores ponderar se a paixão desenfreada pelo futebol realmente reflete as prioridades que moldarão o futuro.

Vou ali bater uma pelada no fim de semana, com amigos, como nos velhos tempos.

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Bullying Oficial

Na Lei, não há definição para crime de Bullying praticado por órgão oficial, mas já pensou que existe? Assim se torna hediondo, por ser imposto por quem deveria proteger o cidadão.

Chamamos a atenção para esta prática na forma como os Reinos do Brasil se utilizam de ferramentas semelhantes ao Bullying visando aumentar o seu alcance administrativo, claro que, buscando vantagem político-eleitoral.

Assim, as Prefeituras realizam os Bullyings Moral e Psicológico, na maior cara-de-pau e parece que ninguém vê. E se vê, está cego.

O bullying moral ocorre sem a utilização da força física. Nesses casos a vítima é exposta a episódios de humilhação, que envolvem questões morais.

O bullying psicológico é um tipo de assédio que engloba qualquer manifestação de intimidação ou ameaça à vítima por parte do agressor.

Na moral, moral mesmo, todo cidadão deficiente econômico ou passivo de pobreza involuntária tem vergonha da sua situação, ou sabe que é pobre, mas não aceita que lhe joguem isso na cara. Tenta esconder. É apontado na rua. Seu filho é mal visto na Escola, na pelada. Não há interação social.

E contra o Poder Público esses seres carentes não tem como se proteger, se insurgir, reclamar ou denunciar, pois, isso acarretará na perda do benefício e outras perseguições.

Colocar lista de pessoas em caso de vulnerabilidade social em sites oficiais, Instagram, Facebook, para dar uma de bonzinho, salvador da Pátria, mas na verdade expor, apontar o dedo, vitimizar e manter o laço nessa gente menos favorecida é do mal, portanto, é Bullying Sim Senhor.

Que as cabeças pensantes municipais de todo o País possam mudar essa prática. Que dê sem olhar a quem. Que o que faz a mão direita, não saiba a esquerda.

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A MÍDIA DA SERRA ENCANTADA ESTÁ PIFADA


A MÍDIA DA SERRA ENCANTADA ESTÁ PIFADA

Caros amigos da Serra de Dona Inês,

Espero muito mesmo que entendam a minha posição. Tempos atrás recebi um Título de Cidadão por serviços prestados. Naquele tempo eu estava na Administração, trabalhando ao máximo e produzindo com ideias justas e avançadas para o crescimento do nosso Município. Atualmente, fora da Administração, persigo os erros que ocorrem, para tentar resolvê-los e persigo o mal uso dos recursos públicos, para que não se perca o que não se pode perder. Então não me chamem de pessimista, de atraso, de ave de mal agouro. Só faço o que quase ninguém faz aí, por comodidade, por medo, por vantagens. Mas eu sou feito de outro barro e não me calo quando vejo coisas incertas.

Pois bem, dito isso, relembro que em matéria anterior(*), postado foi que o município de Dona Inês está promovendo o Primeiro Festival de Inverno e que não havia nada de promocional ou publicitário nas mídias oficiais (facebook, site, instagram) e depois colocaram um banner na página principal do site, mas que não tem matéria explicativa, informativa, nada. E ainda criaram uma imagem para o Festival de Inverno que em nada lembra o Frio – lá tem Boi de Reis, artesanato em madeira, a Pedra do Bico e uma imagem da Igreja-Mãe. E o frio passou longe. Isso porque temos tantas imagens da Serra Encantada. Mas isso não é tudo. Tem mais.

O Secretário Josenildo Fernandes está, a meu ver, praticando um ótimo serviço, a julgar pelos eventos e contatos que tem realizado e mantido. Mas falta algo que me parece o principal, se não me falham os marqueteiros de plantão: ter a informação precisa e a pontaria certeira. Explico e entenda:

Ontem, ocorreu um baita evento literário na cidade de Dona Inês. Estavam lá, lançando seus livros, duas figuraças super importantes no cenário paraibano: O Padre Zé Floren e o ex-Deputado Ramalho Leite.

O Padre Zé Floren chegou em Dona Inês em 1972 e alavancou a Igreja católica, praticamente substituindo tão bem o Padre Zé Diniz. Ele que construiu a Igreja Matriz, que lutou ao lado do homem do campo contra o latifúndio e latifundiário, e que casou e batizou mais da metade de todos nós vivos. E Ramalho Leite, que já teve (o seu Pai) propriedade importante em Dona Inês nos tempos de Vila, que já subiu em tamburete no meio da feira para fazer comício contra Joaquim Cabral e, que hoje, é simplesmente, e somentemente, o Presidente da Academia Paraibana de Letras, o principal órgão da literatura estadual.

E lançaram os seus livros, realizou-se festa na cidade, no esplêndido Espaço da Memória, e disso não se tem nada na mídia oficial municipal. É uma vergonha. É um descaso do tamanho do Brasil.
Cadê os assessores de comunicação? cadê os jovens midiáticos? estão de greve? de motim? Ou será que… não sei nem o quê.

Tudo o que se sabe do evento é que:
O Café Literário realizado em Dona Inês, na parte destinada ao Museu Municipal, teve os lançamentos dos livros “Um Passeio por Santa Fé do Ibiapina”, do padre Zé Floren e, “Era Tudo o que Eu Tinha a Dizer”, do escritor Ramalho Leite. Essa informação foi captada de um perfil privado.

É uma falha inadmissível. É um descaso impressionante. É um destrato com os autores.

O que está acontecendo que não se anuncia, não se divulga, não se propaga os eventos? e quando acontece, é de forma tacanha, mal feita? Já escrevi sobre isso anteriormente*. Anotem aí: Um grande trabalho precisa ser bem executado de ponta-a-ponta.

O site só funciona para os atos da Família de Vossa Graça? a dita Família Real?

G. G. Carsan
para A Voz da Serra (www.vozdaserra.wordpress.com)
para Quase Diário da Serra Encantada

(*) publicado no Quase Diário da Serra Encantada (página Facebook): https://www.facebook.com/noticiosodaserra

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“Tolerância Zero: A Crescente Onda de Catimba e Pancadaria no Futebol Brasileiro”

O futebol, paixão nacional, está enfrentando um sério dilema que tem afetado a experiência dos torcedores: a escalada da catimba e da pancadaria nos jogos do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil. O que deveria ser uma celebração do esporte e da habilidade dos atletas, muitas vezes se transforma em um espetáculo marcado por atitudes desleais e condutas questionáveis em campo.

Nos últimos anos, tem sido cada vez mais difícil assistir a uma partida sem se deparar com cenas de jogadores buscando vantagens através de artimanhas não esportivas. A catimba, técnica de manipulação psicológica que visa desconcentrar e irritar os adversários, tem se tornado uma ferramenta corriqueira em muitos jogos. Além disso, a pancadaria desleal, com entradas violentas e faltas excessivas, tem se intensificado, colocando em risco a integridade física dos jogadores e prejudicando o espetáculo como um todo.

Nesse contexto, é crucial questionar as razões por trás dessa tendência preocupante. Seriam os jogadores pressionados por resultados e pela pressão dos torcedores? A falta de medidas disciplinares eficazes por parte das instituições esportivas contribui para a perpetuação dessas atitudes? Ou estariam os valores do fair play e do respeito ao adversário sendo perdidos em meio à competitividade acirrada?

Além dos impactos dentro de campo, essa crescente onda de catimba e pancadaria tem consequências também fora das quatro linhas. A imagem do futebol brasileiro é afetada negativamente, desestimulando investidores, patrocinadores e torcedores que buscam um esporte saudável e emocionante. A constante exposição a comportamentos antiéticos pode minar a base de fãs e prejudicar a reputação das equipes e da liga como um todo.

Diante desse cenário, é crucial que as entidades responsáveis pelo futebol brasileiro tomem medidas enérgicas para combater essa tendência preocupante. Além de punições mais rigorosas para atletas que adotem práticas desleais, é necessário investir em programas de educação e conscientização, promovendo os valores do fair play, da ética esportiva e do respeito mútuo. Ao mesmo tempo, os treinadores e as lideranças das equipes têm um papel fundamental em incentivar uma cultura de jogo limpo e competitividade saudável.

Em última análise, o futebol brasileiro enfrenta um desafio que vai além do campo de jogo. Restaurar a integridade e a emoção do esporte requer ação coordenada de todas as partes envolvidas, desde os jogadores e técnicos até as entidades reguladoras e os torcedores. Somente através desses esforços conjuntos será possível resgatar a verdadeira essência do futebol, oferecendo aos fãs um espetáculo emocionante, justo e respeitoso.

Exemplos: ontem, alguns minutos de Palmeiras x Fluminense e, hoje, São Paulo x Atlético Mineiro, uma lista de simulações, catimbas, anti-jogo, Fair play negativo, indução ao erro. Jogadores famosos se acham no direito de xingar, de simular, de pressionar juízes.

Pobre futebol brasileiro.

g. g. carsan

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O Futebol Castiga o Torce-Dor

Com todo respeito aos apaixonados por Futebol, com as devidas vênias para dizer algo tão contundente, todavia, necessário, lá vai:

Você acha que vale à pena ser dopado, drogado, apaixonado por algo que te machuca, pisoteia e estrangula o tempo todo? E tudo isso para ver espetáculos horrorosos, decadentes, mal executados, perigosos, desleais e enganativos? Tenha dó… sim, de sim próprio.

Olha o valor da conta. Bilhões desviados para mansões incríveis, viagens espetaculares, dívidas terríveis. Clubes do Coração do Torce-Dor que causam… não valorizam a Nação e suas Entidades Oficiais, que estão se lixando para o seu maior Investidor, o Torce-Dor.

AS DÍVIDAS DOS CLUBES BRASILEIROS:
1º Atlético-MG – 1,571 bilhão
2º Cruzeiro – R$ 1,053 bilhão
3º Corinthians – R$ 910,4 milhões
4º Palmeiras – R$ 875,8 milhões
5º Internacional – R$ 865,7 milhões
6º Botafogo – R$ 729,5 milhões
7º Fluminense – R$ 677,5 milhões
8º Vasco – R$ 664,1 milhões
9º São Paulo – R$ 586,6 milhões
10º Santos – R$ 539,9 milhões
11º Grêmio – R$ 518,1 milhões
12º Bragantino – R$ 301,1 milhões
13º Athletico-PR – R$ 285 milhões
14º Bahia – R$ 284,3 milhões
15º Flamengo – R$ 258,8 milhões
16º Coritiba – R$ 237,5 milhões
17º América-MG – R$ 122,5 milhões
18º Goiás – R$ 48,2 milhões
19º Fortaleza – R$ 33,1 milhões
20º Atlético-GO – R$ 8,2 milhões

Acorda, povo! lembra da tua labuta diária, das horas indo e vindo ao trabalho, das tuas contas sempre pagas, do teu salário sempre apertado, das coisas que não podes fazer… e enquanto isso, do lado de lá…

g.g.carsan
(para a Voz da Serra)

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A SAGA NOÉ NA SERRA

“Corriam os anos 30

No Nordeste brasileiro

Algumas sociedades

Lutavam pelo dinheiro

Que vendias suas terras

Coronéis em pé de guerra

Beatos e cangaceiros

E corri da volante

No meio da noite

No meio da caatinga

Que quer me pegar  (bis)

Na memória da vingança

Um desejo de menino

Um cavaleiro do Diabo

Corre atrás do seu destino

Condenado em sua terra

Coronéis em pé de guerra

Beatos e cangaceiros

E correr da volante

No meio da noite

No meio da caatinga

Que quer me pegar”  (bis)

(letra e música: Zé Ramalho, 1981)

Cícero Noé (1918-1973)

Cícero Noé, comerciante, farmacéutico, banqueiro

A música  é para entoar um canto novo para uma época pesada, difícil e perigosa em várias partes do Brasil, ou em todas as partes, pois cada lugar tinha a sua disputa por terras, riquezas, poder, status, como sempre aconteceu. E não só, na política as coisas estavam fervendo no ponto máximo.

Revolução de 1930 foi o movimento armado, liderado pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, que culminou com o golpe de Estado, também conhecido como Golpe de 1930,  que depôs o presidente da República Washington Luís em 24 de outubro de 1930, impediu a posse do presidente eleito Júlio Prestes e pôs fim à República Velha.

Viram que a Paraíba estava no centro do furacão que culminou com a elevação de Getúlio Vargas ao poder, com os seus vários desdobramentos: golpes, assassinatos, traições, suicídios.

Foi nessa década recheada de tornados e furacões que o jovem Cícero Noé e Maria Isabel chegaram a Serra de Dona Inês, recém-casados, com a filha Azanete, vindos bem jovens da vizinha Araruna, onde reinara o Barão de Araruna, Estevão José da Rocha, fazendeiro e coronel da Guarda Nacional (1805 – 1874), e agora estava sob domínio de Benjamim Maranhão.

Cícero Noé chegou à Serra em 1937, com 19 anos de idade, para administrar a fazenda de Arlindo Ramalho (pai de Severino Ramalho Leite), que abrangia terras iniciadas no Açude da Serra, desciam para o Riacho da Serra e se estendiam até a Mata do Caco, de posse do Juiz Dr. Zé de Melo. Naquele período, outros bananeirenses como o Coronel José Antonio, a família Cisne e família Rocha eram proprietários nessa banda de cá do Rio Curimataú. A propriedade era coberta de pastos e de roça de mandioca. Aliás, o território era grande produtor de commodities.

Naquela época, Ramalhos e Bezerras se davam muito bem, eram aliados políticos. Cícero Noé adquiriu um motor de agave e colocou o seu amigo e afilhado Cecílio Baiano para tomar conta. O motor ia de propriedade em propriedade beneficiar o agave. O próprio Cícero passou a comprar a produção e se tornou um Comerciante, abrindo um negócio ali na rua que descia para o Tanque Velho. Depois caiu nas graças de Clóvis Bezerra, o médico da região, que precisava de alguém que passasse uma receita, que aplicasse uma injeção. Muito esperto e curioso e demonstrando jeito para a medicina da época, Cícero se tornou o farmacêutico do lugar, pois abriu uma pequena farmácia e passou a receitar medicação para a população. Era um homem muito criterioso, organizado, que mantinha livros de receitas, anotava todos os casos e acompanhava os pacientes com um prontuário médico em cadernos. E como todos sabem, o homem da medicina é muito querido por todos.  Ainda hoje existe um livro que comprova essas minudências e arrojamentos.

Dado aos negócios, Cícero Noé ingressou como empreendedor nas atividades que encontrou campo e porteiras abertas. Em alguns anos, enquanto a família crescia com a chegada de Edvirges, de Renato e de Ivete, Cícero ampliou a farmácia, abriu uma mercearia, criou uma casa de jogo e passava o jogo do bicho no lugar através do marido de D. Santana, pai de Detinha… e passou a comprar grãos de feijão, mamona, milho, e agave e algodão, cujas produções eram grandes na Serra e persistiram até o final da década de 1970. Com o sucesso nos negócios, abriu uma espécie de filial na cidade de Tacima, onde um irmão administrava e lá vendia, inclusive, combustíveis. O homem ficou rico, comprou um Ford 1930, marca Rat Rod, chamado Ratinho, o que valeu ao filho Renato o apelido de Ratinho, por ser franzino, na roda de amigos.

Cícero era um homem de muitas amizades, dedicado ao trabalho e ao crescimento. Era grande amigo do Major Augusto, de Clóvis Bezerra, de Seu Zuza, de Dé Lucas, da família Borges, dos Maias. Cicio Baiano era o seu braço direito em tudo.

 Mas nem tudo foram flores no seu caminho. Devido aos negócios, batia de frente com Zé Cardoso, que era um dos homens mais ricos do povoado, e certamente com alguns outros, pois sempre rola inveja quando alguém está se dando bem. De fato, Zé Cardoso era forte comercial e politicamente, pois foi Vereador duas vezes e suplente, depois Prefeito nomeado.

Cícero Noé chegou a Dona Inês com 19 anos, como dito, ajudou no desenvolvimento e engrandecimento e viu se tornar Vila e Distrito em 1943, e saiu da Serra justamente 20 anos depois, em 1957, dois anos antes da Emancipação Política.

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Segundo relato do seu filho Renato, o que mais andou por Dona Inês, naqueles dias ocorreu um fato super desagradável e perigosíssimo que decretou a saída e abandono do lugar.

Renato narrou assim: Naquele tempo, Frei Damião vinha muito a Dona Inês (foi quem me deu a Primeira Comunhão e o Crisma), trazido pelo Padre Zé Diniz (que me batizou), que reinou na Serra de 1920 até 1964. Frei Damião era muito severo e o meu Pai sabendo disso, zelava para ninguém fazer barulho. Numa dessas missas, que era em latim, o padre rezava de costas para o povo, tinha uns meninos fazendo zoada, um cochicho danado e o meu Pai começou a fazer ‘psiu’ para eles silenciarem. Ele emitiu o som algumas vezes. Pois estava presente na missa a esposa de Zé Cardoso, que era tipo adversário do meu Pai na política e nos negócios, e ela quando chegou em sua casa disse ao marido que o meu Pai estava dando ‘psiu’ para ela e que todo mundo tinha visto. Então, o homem lá virou bicho e se juntou com os filhos, se armaram cada um com um revólver e saíram para matar o meu Pai. Chegando à mercearia onde ele estava, miraram nele. Meu Pai se ajoelhou e perguntou o porquê que ele ia morrer, e ele estava armado também. Quando disseram a acusação ele negou e se explicou. Não acreditaram. A sorte foi que Manu Rocha chegou e confirmou as palavras de Pai e jurou que era a verdade. Os Cardoso ficaram sem ação e saíram de lá fumaçando.

O meu Pai ficou muito chateado, nervoso, perdeu naquele momento todo o carinho que tinha pelo lugar. A situação ficou pesada, uma fofoca dos Infernos. Ele resolveu abandonar tudo. Os dias seguintes foram de profunda amargura, mas não parou não. Tinha o comércio já firme em Tacima e resolveu que a gente ia para lá. Não deu outra. Fomos para Tacima. Ele continuou vindo a Dona Inês comprar a produção dos antigos clientes, mas passou tudo para a frente.

Em Tacima-PB, ele se dedicou muito mais, para esquecer e para crescer. Tudo o que ele fazia em Dona Inês, passou a fazer lá, e claro, conquistou muitas coisas boas e algumas ruins, pois o povo que já era dono lá não gostou muito de ter que dividir com ele, ou porque ele chegou com muitas ideias e potencial que eles não tinham. Não é todo dia que chega numa cidadela um sujeito que sabe aplicar injeção, ser comerciante, ter casa de jogo, puxar produção para os grandes centros, vender combustíveis. Assombra, né? Por esse tempo nasceu lá o Heráclito, que é o caçula. Moramos três anos em Tacima e na eleição que houve, Pai se candidatou a Vereador e foi eleito. Mas ocorreu novo problema. O nosso candidato para Prefeito e para o Governo do Estado perdeu para Targino e Pedro Gondim, respectivamente, e teve início uma perseguição sem freios ao seu comércio, com cobranças de impostos altíssimos e fiscalização atrás uma da outra, e só para ele, os outros estavam livres. Aí como Vereador não ganhava nada e com os negócios complicados, ele tomou mais uma decisão drástica: Deixar Tacima para trás. Foi quando ele decidiu morar em Natal, onde as notícias eram boas demais por conta do crescimento trazido pelos americanos e na cidade grande o cabra passa quase despercebido. Pena que ele morreu cedo. Viveu 55 anos nesse Mundo, mas fez muito mais do que quem vive 80 anos, 90 anos. Naquele tempo se morria cedo.

Voltando a falar em Dona Inês, ele saiu de lá, mas gostava demais dos seus amigos. Mesmo muitos anos depois, quando estávamos à mesa aqui em Natal, falando de pessoas, de negócios, ele sempre ensinava: “Em Natal a gente tem muitos conhecidos. Amigos a gente tem em Dona Inês”. Amava Dona Inês acima de Araruna, sua terra natal, de Tacima, a cidade que lhe recebeu depois da primeira pedrada.

Renato citou também o desfecho da infâmia atribuída ao seu Pai por Zefinha de Zé Cardoso. Disse que tempos depois, quando já estavam em Natal, ocorreu um grande escândalo na família Cardoso, pois a D. Zefinha teria traído o marido. Esse, também, foi um dos motivos, ou o principal motivo que fez Zé Cardoso separar da esposa e da cidade de Dona Inês para sempre logo após o seu mandato de Primeiro Prefeito do município e formar família noutros lugares com outras mulheres. E para  terminar essa parte, assegurou que Zé Cardoso, depois de tudo, foi a Natal pedir perdão e desculpas a Cícero Nóe, pelos danos causados e por ter acreditado na palavra da mulher.

Ver-se que eram homens  honrados, homens firmes e fortes, decididos, capazes de grandes realizações, que não abaixavam a cabeça, mudavam o rumo e seguiam em frente, mesmo que tivessem que deixar os lugares e as coisas e os amigos que gostavam.

Renato continua: Nós, os filhos, somos muito gratos a Dona Inês, fizemos muitos amigos lá e até hoje, quando chego à cidade me sinto em casa. Nasci lá. Gosto demais. E somos muito gratos também por haver uma rua com o  nome do nosso Pai. Eu e minhas irmãs e meu irmão sempre falamos nisso. Veja esse exemplo: Cecílio Baiano foi tão amigo que resolveu comprar e morar na primeira casa da rua que leva o nome de Pai. Acho isso maravilhoso. A rua começa ali por trás do Grupo Escolar Dr. Zé de Melo e sobe até o alto do morro, naquela Igreja Verde, católica.

Quando chegamos nesse ponto da conversa com Renato Noé, chegava também as lembranças das visitas de Renato a Dona Inês, para visitar os amigos nas épocas de festas e reunir com o amigo Pedro Borges, seu compadre, com quem jogava, bebia, comia, conversava, caminhavam pelas ruas, sentavam nas calçadas para bater papo com os amigos, faziam a festa no Pavilhão, altas festas na fazenda, churrascos por onde passavam. Esse o Renato Noé, empresário em Natal no ramo de joalherias, família bem estruturada, um cara bom de papo pra danar, que vinha a Dona Inês dos anos 70 para cá, mas e antes?

Perguntamos a Renato como era a Serra de Dona Inês do seu tempo e do que ele se lembrava.  A conversa rolou solta durante um bom tempo. Leiam e confiram:

“ Eu nasci em 1947, em Dona Inês. Fomos para Tacima em 1957, portanto, vivi lá até os 12 anos, entrando na adolescência. Eu me lembro de muita coisa, de muita gente. O meu melhor amigo na infância foi Luiz José. Papai gostava muito dele também. Acredita que a gente menino e Luiz já dizia que queria ser o Prefeito um dia? Nem havia Prefeito na cidade e ele já falava isso. Acho que se baseava em Bananeiras. E ele conseguiu, né? Aliou-se com Clóvis Bezerra e conseguiu ser o candidato da situação. Quando eu vinha a Dona Inês, ele concedia uns quartos que havia nos fundos da Prefeitura para me hospedar.

E eu era muito amigo de Pedro Borges, compadres, e Heráclito meu irmão namorou com a filha de Pedro, a gente não se encontrava só em Dona Inês, mas em Natal e em Fortaleza, e depois de um tempo, passei a combinar mais com ele (Pedro) do que com Luiz de Zuza, que vivia muito ocupado na Prefeitura. Sabe como é, político não pensa noutra coisa.

Você falou que os Cirnes de Bananeiras compraram a propriedade Sítio Raimundo, mas deve ter sido depois. Não me lembro disso. Quando meu pai trabalhou ali, era dos Ramalho. Mas lembro do tiroteio que aconteceu perto da Igreja-Mãe. Eu estava na mercearia quando escutei a gritaria e os tiros. Corri pra ver o que era e vi o rapaz no chão, o pai aos gritos. Chico Cirne matou o filho de Jerôncio Ribeiro, Zé,  era o nome dele? E depois Chico foi ferido e desceram pela Rua do Tanque para o Lajedo. O pessoal quis pegar eles lá, mas abriram para os revólveres. Procuraram o meu Pai para costurar Chico, mas ele não estava na Vila. Aí foi Zé Cardoso que botou ele num jepp e tirou para Bananeiras. Chico escapou.

Naquele tempo, a gente não tinha muito que fazer. Só brincar, ir para a casa dos amigos, ir para os sítios atrás de frutas, tomar banho no açude da Serra, ir pro Sitio Brejinho atrás de diversão. Eu me lembro bem de Laércio Pereira, Luiz José, Pedro Borges e Zuzu, Cicio Baiano, Dé Lucas, Zé Maia, Wanderley de Lulinha, Ezequias e os irmãos, Pedro Pinheiro, Ednaldo Justino, Pedro Bonifácio, ah homem bom… As festas do padroeiro sempre foram os momentos perfeitos para voltar a Dona Inês, pois era certeza de encontrar com amigos. Acho bom demais parar ali em Ezequias e papear, jogar um dominó, comer alguma coisa. Eu me sinto em casa.”

Também tive uma ligação muito forte com Araruna, terra de meu Pai. E não sei se você sabe, mas eu fui casado com Iris Maranhão, filha de Benjamim. Mas sofri um acidente grave aqui em Natal, ela sofreu um aborto e, Zé Maranhão, que era contra nosso romance, tratou de afastá-la de mim. Mas eu fui muito feliz com Iris. Depois formei outra família e a vida tomou outro rumo. Tornei-me ourives em Natal e hoje curto as coisas boas da vida na Capital do Sol. Sempre cuidei para ser bem recebido aonde chegasse e é assim que tem sido. Acho que é isso. Obrigado.

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O ano era 2009, este que vos escreve estava de volta à Dona Inês, depois de 24 anos habitando fora estudando, morando até fora do País, para assessorar o Prefeito da vez na área de comunicação. Era uma forma de tentar ajudar a cidade que me viu crescer, parecia uma questão de honra ajudar e estar ali era muito bom. E logo no primeiro ano de trabalho, coincidiu de ser o aniversário de 50 Anos da Emancipação Política. Era preciso realizar uma programação de peso para uma celebração tão importante – e gastar pouco, pois era o primeiro ano de mandato e festa faz quem pode. Assim, partimos para uma programação bastante enxuta. Mas uma ideia que surgiu com força foi a de homenagear as personalidades (políticas, empresariais e servidores públicos) que haviam alavancado efetivamente o desenvolvimento municipal. Quando o Alcaide deu sinal verde para a execução, pois é quem autoriza despesas, caímos em campo, eu e o poeta Mariano Ferreira, conhecedor de muito mais gente antiga e suas histórias, fazendo a lista das pessoas a homenagear e que deveriam estar presentes para receber um Certificado de Honra ao Mérito e Reconhecimento. Uma das famílias que acusou a maior satisfação foi a Noé, que habita em Natal-RN, que vibrou e confirmou presença no ato.

E era, também, o aniversário de 53 Anos da saída de Cícero Noé da Serra de Dona Inês. Mas não se sabia disso naquele momento.

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Agora reproduzimos uma conversa com Heráclito Noé, o caçula de Cícero Nóe. Viveu a vida toda em Natal, onde estudou, cresceu, trabalhou, e cresceu. Tornou-se advogado, professor universitário, pesquisador, palestrante, delegado de polícia, gestor da polícia civil estadual, vereador por Natal, pai de família, um homem que, como o pai Cícero e o irmão Renato, soube formar uma vida de alto nível. Eis o papo:

“ Guilherme, meu irmão, você é um cara que surgiu na minha vida depois daquele convite para a nossa família ser homenageada na Festa das Personalidades dos 50 Anos de Emancipação Política de Dona Inês. Você não imagina a alegria que nós sentimos e abraçamos com muito amor, pois Dona Inês é terra que viu três dos meus irmãos nascerem e lá o meu Pai foi feliz e foi onde tudo começou. A gente nunca esqueceu os seus ensinamentos e o que ele falava do seu amor por Dona Inês. A gente nem conseguia entender direito, mas respeitava. Então, aquele convite, foi como um Oscar. Então, quando você, que era o Mestre de Cerimônias, nos chamou, nós entramos para receber o Diploma de braços dados e lágrimas nos olhos, uma emoção indescritível tomou conta de nós. Cada passo dado atravessando o ginásio lembramos do nosso Pai e da nossa Mãe. Foi fantástico, foi incrível. E depois, como eu era Vereador, você me convidou para a Mesa formada e foi outra honraria mais que perfeita. Uma noite Perfeita!

E dali vieram consequências. Passei a frequentar mais a Serra de Dona Inês e até comprei uma pequena propriedade, que pretendo dar uma arrumada para passar alguns dias de vez em quando, na paz e tranquilidade do lugar.

E, depois de tudo isso, resolvi lançar alguns livros com os meus saberes e experiências, para deixar algumas coisas para as pessoas. Olhe só, tem muitas coisas que as pessoas comuns nem imaginam, ouvem falar e não acreditam. Eu fui Vereador em Natal e fui o único que não quis ir para a reeleição, porque vi muita sujeira na política e sou um sujeito de princípios, que muito herdei do meu pai. Agora estou a dar palestras para turmas de estudantes em formação e lançando alguns livros, estou no segundo, para levar informação e saberes para o povo, para quem quiser saber mais.

Por esses dias estou lançando uma nova obra. São dois livros, ou um livro dividido em dois volumes, num estojo. O título da obra é Fragmentos – Anotações de Meio Século de Leitura. O lançamento em 04 de Maio de 2023, na Pinacoteca, Antigo Palácio do Governo do Rio Grande do Norte. Um livro que é uma Enciclopédia e apresenta os melhores pensamentos, discursos e grandes momentos dos principais nomes da Humanidade, de todos os tempos.

Pretendo voltar cada vez mais à Dona Inês, pois realmente é um lugar que gosto muito. Abraçar os amigos Risoldo, Dedé Borges, Mariano, você, é claro. Obrigado.

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Prezados leitores, é sempre ‘demais da conta’ fazer uma reportagem dessa magnitude com pessoas tão bem realizadas, inteligentes, positivas, abertas para a conversa, que adoram os amigos, adoram a Serra Encantada e mantém acesas as lembranças lá vividas, que nem o tempo conseguiu apagar.

É sempre um prazer enorme conhecer mais, saber mais, aprender mais sobre a História de Dona Inês, para que enquanto houver um donainesense habitando a Serra, possa conhecer de fato onde pisa e habita.

Em tempo, esse trabalho não tem em momento algum o objetivo ou interesse de denegrir ou macular ou acusar a imagem de ninguém, mas apenas de narrar os fatos como aconteceram em sua generalidade, sem aprofundamento em casos que possam gerar controvérsias ou ressentimentos, pois não vem ao caso e as partes nem estão mais nesse Mundo para se defender. É a História que interessa. Ponto.

Meus agradecimentos sem tamanhos a Cícero Noé, que deu asas para tudo acontecer e aos filhos Renato Noé, Azanete Noé, Edvirges Noé, Ivete Noé e Heráclito Noé, pela confiança nesse trabalho, pelas amizades, pelo carinho. Acredito que a Serra de Dona Inês fica muito agradecida.

G. G. Carsan

Para A Voz da Serra

Para Quase Diário da Serra Encantada

Filhos e Neto de Cícero Noé com Ednaldo Justino (em pé, de gravata)
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Heráclito Noé Lança Fragmentos

Juntei-os como pude

Desde a juventude

Fragmentos

Milhares de recortes

Vidas e mortes

Fragmentos

A grandiosidade de Fragmentos é ultrassônica e cósmica e me deixou ‘encantado, mas, porquanto, encabulado, contemporaneamente falando, impactado’ com a perspicácia volumosa e a persistência  ‘sísifa’ de Heráclito, o de Éfesos; e de Noé, o bíblico, em ajuntar discursos, ao acumular letrinhas, ao colecionar papéis, como se destinado a ‘salvar’ esses seres de uma destruição anunciada. O que me parece fantástico, e é-me incompreensível, não coaduna com a simples aceitação de que tenha, ele, planejado tal projeto naqueles dias do culto ao Pelé e à Jovem Guarda. Impossível, Senhores.

Vejam, ele debuta com Pablo Neruda afirmando: “Se o poeta é muito hermético, só será lido por especialistas; se desejar escrever para as massas, arrisca-se a ser vulgar”.

Quem guardaria um recorte de um argentino publicado após a Copa de 1978? Pois Heráclito guardou esse de Carlos Gardel, músico renomado, que disse em 1935, o seguinte (que aliás, continua tão normal e atual): ““Ocorre que hoje tanto faz ser fiel ou traidor, ignorante, sábio, larápio, generoso ou corruptor. Tudo dá no mesmo, nada é melhor, valem a mesma coisa um burro e um grande professor”.

Guardar o que falou um jurista italiano? Sim, devido a importância do dito. Luigi Ferrajoli (1940), professor, escritor e jurista italiano: “Se a história das penas é uma história dos horrores, a história dos julgamentos é uma história de erros.”

Tem os grandes filósofos, sábios? Claro que sim: Sigmund Freud, o pai da psicanálise: “Ele foi como um homem que acordou cedo demais na escuridão, enquanto os outros continuavam a dormir.”

O recheio é do bom, o melhor possível. A massa é saborosa, a embalagem inesquecível.

Todavia, data vênia, somente uma feliz coincidência do acaso inconstante não se sustenta nem se impõe devido a sua trajetória incansável na busca por alcançar o sucesso pessoal, a tão dizida exitância profissional, auge, pódio, topo da pirâmide. Existe algo maior que não está bem definido para tantos prodígios estarem se materializando agora. Estivéssemos nos tempos dos Sete Reinos de Westeros, um canto seria erigido, estabelecido, alçado, cantado, para pulverizar seu nome e suas obras para as descendências e Eras.

Com a alma lavada, ensaboada e enxaguada no orgulho é que me regozijo em alegria extrapolante para celebrar esse  momento intransitivo, inexprimível e inesquecível da literatura potiguar-brasileira, pelas mãos e mente pródiga de um amigo, e por que não dizer, além de conterrâneo, um ídolo literário. Parabéns amigo Heráclito Noé, que a sua trajetória seja retilínea, de sucesso, de muitas realizações e tantosas alegrias.

                                                   ( G. G. Carsan, romancista )

Sobre o Autor:

Heráclito é professor desde os dezessete anos. Aos 23, foi diretor do Colégio e Curso Delta, à época, um dos melhores de nossa capital; aos 25, dirigiu a maior escola de São José de Mipibu, Escola Municipal Professor Severino Bezerra, na área metropolitana de Natal. Em 1985, através de concurso, tornou-se Delegado de Polícia Civil no Rio Grande do Norte. Nesse período, dirigiu a Academia de Polícia Civil por dez anos, o Conselho Estadual de Entorpecentes e o Instituto Técnico-Científico de Polícia. Foi vereador em Natal, secretário-chefe de gabinete das prefeituras de São Gonçalo do Amarante e de Natal; ensinou, por uma década, no curso de Direito da Universidade Potiguar-UNP. 

É pós-graduado em Segurança Pública (2001), com estágio em Londres, Frankfurt e Paris. Especializou-se, também, em Psicopedagogia e Gestão de Políticas Públicas, pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte-UFRN. Escreveu dois livros: Política Municipal de Segurança Pública – uma proposta em construção, 2009 – não publicado, só para consumo na área da segurança – e Recortes para Rir e Refletir, em 2015. Como conferencista, atua na formação e aperfeiçoamento de professores e gestores educacionais. ((Egídio de Mascena Duarte (Editor da El Shadday)).

Depoimento do autor:

“Com este meu material, somado a exercícios de voz, postura e dramatização, ganhei todos os concursos de oratória dos quais participei. Listarei, aqui, os de maior destaque: um de caráter nacional, em 1981, em Brasília, no estágio universitário promovido pela Câmara dos Deputados, tendo naquela oportunidade recebido elogios do então deputado federal Carlos Wilson, coordenador do referido estágio, e do saudoso Tancredo Neves. Presente ao ato, estava o deputado federal do RN, Henrique Eduardo Alves, e o eminente jurista potiguar, hoje ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Marcelo Navarro Ribeiro Dantas, que além de fazer parte da delegação do RN, votou em mim e dividiu comigo o alojamento no hotel onde ficamos hospedados; em 1980, foi meu o discurso vencedor entre todos os alunos da Universidade Federal do Rio Grando do Norte-UFRN, na solenidade única de colação de grau, que teve como paraninfo Jorge Amado. O consagrado escritor baiano não esteve presente, mas mandou sua mensagem; fui também o orador da minha turma de Delegados de Polícia Civil, em junho de 1985, cuja solenidade ocorreu no Teatro Alberto Maranhão, e foi presidida pelo então governador do estado Dr. José Agripino Maia.

Fragmentos – Anotações de Meio Século de Leituras

Autor: Heráclito Noé

Editora: El Shadday – Natal – RN

Volumes I e II (Estojo)

855 páginas

Livro com Orelhas

Lançamento: 04 de Maio de 2023

Contato autor: heraclitonoe@yahoo.com.br

Whats aquisição livro: (84) 9941-6676

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